abril 29, 2007

Ciúme high tech

Ser esposa ciumenta hoje em dia não deve ser fácil. Se antigamente bastava uma cheiradinha na camisa do maridão ou uma conferida no "bafo de cana" do sujeito, atualmente, a moça deve checar o celular, o e-mail, o cartão de crédito, o pager, o laptop, o orkut... Ufa! Cansei só de pensar. Nestes tempos high tech, bancar a investigadora é no mínimo cansativo. Não é à toa que as agências de detetives ganharam tanto dinheiro ultimamente.

Acredito que muito mais do que ciúme, este comportamento seja motivado pela curiosidade. Afinal de contas elas querem saber de quem é aquele número de celular que tocou de madrugada (malditos garotos que ficam passando trote!) ou quem é aquela “baranga” que deixou um recado no seu orkut, te convidando para uma festa imperdível (Hello! Vocês nunca ouviram falar de Spams?).

Neste tempo todo que passei ao lado da Karen, percebi que a curiosidade é algo natural da mulher. E quanto mais você quer minimizar, dar pouca importância ao fato, mais ela quer saber. Por este motivo decidi que se não quero contar algo, devo simplesmente ignorar o assunto. Ficar calado mesmo, pois se você abrir um só dedinho de prosa, meu irmão, você dançou.

Tá certo que se cria um outro tipo de briga, mas tenho para mim que nenhuma delas pode ser tão ruim quanto uma por conta do ciúme. Este sentimento deixa a mulher simplesmente cega, a ponto de querer lhe dar uns sopapos. O silêncio vai enervá-la, mas nada desesperador ou que ela não se acostume. Eu sempre uso a desculpa de que estava "distraído" e não ouvi o que ela falou.

Mas ao contrário do que você possa imaginar, a patrulha da Karen nem é tão terrível assim. A não ser pela "mania" de me perguntar quem sentou no banco do passageiro do carro, sempre que este parece estar fora do lugar onde ela costuma deixar. Basta o encosto estar 5 cm mais para baixo que a pergunta logo vem: "Quem sentou no meu banco?".

Estes dias descobri que esta pergunta é mais comum do que eu imagino. Um amigo, cansado desta pergunta, largou mulher e carro e sumiu. Decisão um tanto quanto exagerada, mas as vezes a raiva é grande demais para se querer cabeça no lugar.

Eu mesmo sinto vontade de dizer que foi uma baita loura dos olhos azuis, com um corpão mais bonito do que dançarina de axé, mas admito que a brincadeira não seria bem aceita. Seja pela briga, seja porque ela nunca acreditaria, já que eu não tenho cacife sequer para os olhos azuis.

Pensando bem, acho que não tenho cacife sequer para a Karen, mas como não estamos discutindo minha beleza, abafa o caso. É melhor eu me contentar com as indagações sobre o banco mesmo.