junho 06, 2007

Irritar é irritante

Tem dias que você acorda é com vontade de brigar, causar tumulto mesmo. Deixa a toalha molhada em cima da cama, demora para desligar o despertador, não coloca água na cafeteira ou simplesmente "esquece" de fechar a torneira do banheiro. Tudo para que se possa dar motivo a uma ótima discusão, afinal, nada melhor do que isso para extravasar adrenalina.

No caso específico do meu casamento, enquanto a Karen realmente deixa a toalha em cima da cama, eu, quando quero acender a "chama" da discórdia, uso uma frase que faz a minha esposa pular de raiva: "O que nós vamos comer hoje?".

Para você que não entendeu, eu explico. Toda vez que uso a frase, acabamos por chegar num impasse, já que invariavelmente descobrimos que nunca queremos comer a mesma coisa. Não que eu faça de propósito, mas prefiro perguntar para ver se não dou sorte dela querer saborear a mesma coisa que eu.

Você deve estar querendo saber o porquê d´eu simplesmente não perguntar se ela quer encarar isso ou aquilo, não é mesmo? Pois é, eu também não sei. Ela mesmo já me disse isso. Acho que tem um pontinho de dependência, daquela coisa de ter preguiça para pensar. Além do mais, simplesmente "o que vamos comer?" soa mais despretensioso, além de gerar a tal briguinha da qual falei antes.

A briguinha por conta do que se vai comer também acontece quando decidimos sair para ir a algum restaurante. Não foram poucas as vezes que passamos uns bons pares de minutos rodando meio que sem rumo. Tudo porque eu, ou a Karen, não escolhíamos onde ir.

É por este motivo que agora nunca saio da garagem antes de definir o lugar para onde vamos. Realmente resolvemos o problema. Agora nós perdemos uns bons pares de minutos parados, dentro da garagem. Ao menos não gasto gasolina.

maio 22, 2007

Pensamento interessante

O Papa Bento 16 condena o segundo casamento porque não é casado.
Se o fosse, condenaria o primeiro...

maio 01, 2007

O Enzo domina

Hoje quero escrever sobre o homem que divide as atenções da Karen comigo. Não tenho dúvida de que entre eu e ele, ela não teria dúvidas em escolhê-lo. Não adianta o ciúme, não adianta o bico, brigar por atenção com o Enzo é perder totalmente o tempo.

Este pequeno ser, de pouco mais de um metro e pouco menos de vinte quilos é mais conhecido como meu filho. Para piorar, único. Destes bem mimados, que ganham sete presentes de natal, pulam na cabeça dos pais, fazem pirraça quando não são atendidos mas que tornam-se lindos e sensacionais com apenas um sorriso.

Antes que qualquer um de vocês questionem, deixo claro: não! Nós tinhamos a menor idéia de que o filho da Claudia Raia se chamava Enzo. Foi tudo uma "feliz" coincidência!

Voltando ao tema central, admito que mesmo tentando ser um pai um pouquinho mais severo, destes que preza pela educação um tantinho mais rígida (bem aplicada, a rigidez passa um ótimo senso de responsabilidade e moral), acabo não conseguindo impor minha moral e quase sempre recorro à Karen. O engraçado é que minha esposa fala a mesma coisa, e acha que é ela que não tem moral. Talvez o Enzo seja tão inteligente que deixe os dois sem qualquer moral para nada.

Não acredite naqueles que dizem os filhos "esfriam" e "distanciam" os casais. Sou a prova cabal de que o que acontece é exatamente o contrário. O objetivo nos uniu e nada se tornou mais bacana do que acordar de madrugada só para acompanhar a hora da amamentação. Bom, isso não é bem verdade, mas o apoio moral funcionou para ao menos ganhar uns pontinhos.

Me lembro como se fosse ontem a nossa primeira noite com o Enzo, na maternidade. Ele chegou no quarto todo pimpão, calminho. Nem deu bola para o som da TV e o certo barulhinho dos quartos ao lado, que ainda comemoravam suas crianças. Achei que ser pai iria ser realmente uma moleza.

Este foi meu primeiro erro como pai. Foi só a enfermeira sair que esta criança começou a chorar, espernear, gritar, ficar vermelho. Eu e a Karen bem que tentamos manter a calma, mas pouco mais de dez minutos de choro foram capazes de nos fazer sentir que éramos os piores pais do mundo.

Eu sai à caça de uma enfermeira, desesperado, precisando de qualquer ajuda, enquanto a Karen estava lá, no quarto, sem saber o que fazer e ainda sentindo as dores da anestesia e dos pontos do parto.

A verdade é que elas deveriam querer mesmo que passassemos por isso, pois o ponteiro girou uma hora e ninguém nos acudiu. Quando o choro parecia que iria nos ensurdecer, tivemos a brilhante idéia: "Será que ele está com fome?"

Mas que gênios nós somos! Nada como um peito cheio de leite para encerrar a primeira crise de pais de primeira viagem.

Enzo em momento Tartaruga Ninja

abril 30, 2007

A senhora do tempo

Não sei ao certo se todas as mulheres têm o mesmo problema, mas uma das coisas que mais me intriga quando penso na Karen, é a obsessão que ela sofre com o tempo. Às vezes acho que o motivo de termos relógios para todos os lados da casa, é uma maneira que ela tem para controlar cada segundo da vida.

Isso mesmo. Nós temos relógios espalhados por cada canto do nosso pequeno, porém, muito confortável, apartamento. Nem o banheiro escapa. Logo acima do espelho, lá está ele, o "senhor da vida".

Mais estranho do que ter tantos relógios assim, é o fato de cada um deles apontar para uma hora diferente. Enquanto o rádio-relógio do nosso quarto está cerca de nove minutos adiantado, em relação à hora oficial, o da cozinha encontra-se cinco minutos atrasado, para que o relógio da sala permaneça seis minutos na frente do digital - que fica no vídeo cassete - sendo que este é o único que anda conforme o horário oficial de Brasília.

Não entendeu? Pois então, nem eu. Da hora que acordo à hora que vou dormir, é difícil saber se estou adiantado ou atrasado para alguma coisa.

Dia desses eu acordei e imaginei estar atrasado para o trabalho. Levantei correndo, tomei um banho a jato e quando terminei a barba, percebi que tinha me recuperado. Troquei de roupa com calma e quando cheguei na sala, vi que as quinze tentativas de fazer um bom nó de gravata haviam me feito atrasar. O nervosismo foi tanto que me deu uma baita dor de barriga e ao sair do banheiro descobri, pelo de lá, que não havia passado sequer um minuto desde que fui acometido pela súbita diarréia.

Com tantos aparelhinhos medindo as horas, sinto-me como aquelas pessoas que viajam para o estrangeiro e ao chegarem ao seu destino deparam-se com dezenas de horários. cada um com o tempo de uma cidade do mundo. Se você está no meio de conexões e "baldiações" da vida, fica praticamente impossível saber por qual deles você deve se orientar.

Fico louco e indignado com esta situação, mas a Karen diz que assim é melhor. Para ela, é claro. O pior de tudo é que se você perguntar que horas são, ela nunca sabe! Pensei em até comprar um relógio de pulso para ver se a mania diminuia. Mas desisti logo. Vai que ela resolve adiantar e atrasar todos os relógios por aí...

abril 29, 2007

Ciúme high tech

Ser esposa ciumenta hoje em dia não deve ser fácil. Se antigamente bastava uma cheiradinha na camisa do maridão ou uma conferida no "bafo de cana" do sujeito, atualmente, a moça deve checar o celular, o e-mail, o cartão de crédito, o pager, o laptop, o orkut... Ufa! Cansei só de pensar. Nestes tempos high tech, bancar a investigadora é no mínimo cansativo. Não é à toa que as agências de detetives ganharam tanto dinheiro ultimamente.

Acredito que muito mais do que ciúme, este comportamento seja motivado pela curiosidade. Afinal de contas elas querem saber de quem é aquele número de celular que tocou de madrugada (malditos garotos que ficam passando trote!) ou quem é aquela “baranga” que deixou um recado no seu orkut, te convidando para uma festa imperdível (Hello! Vocês nunca ouviram falar de Spams?).

Neste tempo todo que passei ao lado da Karen, percebi que a curiosidade é algo natural da mulher. E quanto mais você quer minimizar, dar pouca importância ao fato, mais ela quer saber. Por este motivo decidi que se não quero contar algo, devo simplesmente ignorar o assunto. Ficar calado mesmo, pois se você abrir um só dedinho de prosa, meu irmão, você dançou.

Tá certo que se cria um outro tipo de briga, mas tenho para mim que nenhuma delas pode ser tão ruim quanto uma por conta do ciúme. Este sentimento deixa a mulher simplesmente cega, a ponto de querer lhe dar uns sopapos. O silêncio vai enervá-la, mas nada desesperador ou que ela não se acostume. Eu sempre uso a desculpa de que estava "distraído" e não ouvi o que ela falou.

Mas ao contrário do que você possa imaginar, a patrulha da Karen nem é tão terrível assim. A não ser pela "mania" de me perguntar quem sentou no banco do passageiro do carro, sempre que este parece estar fora do lugar onde ela costuma deixar. Basta o encosto estar 5 cm mais para baixo que a pergunta logo vem: "Quem sentou no meu banco?".

Estes dias descobri que esta pergunta é mais comum do que eu imagino. Um amigo, cansado desta pergunta, largou mulher e carro e sumiu. Decisão um tanto quanto exagerada, mas as vezes a raiva é grande demais para se querer cabeça no lugar.

Eu mesmo sinto vontade de dizer que foi uma baita loura dos olhos azuis, com um corpão mais bonito do que dançarina de axé, mas admito que a brincadeira não seria bem aceita. Seja pela briga, seja porque ela nunca acreditaria, já que eu não tenho cacife sequer para os olhos azuis.

Pensando bem, acho que não tenho cacife sequer para a Karen, mas como não estamos discutindo minha beleza, abafa o caso. É melhor eu me contentar com as indagações sobre o banco mesmo.

abril 25, 2007

Achados e perdidos

Não são poucas as vezes que me sinto um completo idiota. Destes que seriam incapazes de cuidar de duas tartarugas sem deixar uma delas fugir. Você homem deve saber bem do que eu estou falando. Sabe quando você tenta encontrar aquela cueca da sorte que nós usamos somente em jogos de Copa? Aquela nota fiscal que você anotou o telefone do celular do seu chefe? Ou, até mesmo, o maldito controle da TV? Pois bem, você nunca os encontrará antes que sua esposa diga-lhe exatamente onde eles estão.

Eu que sou um esquecido padrão - destes que não se lembra onde colocou algo menos de dez segundos depois de tê-lo guardado - não saberia viver sem a Karen. Às vezes acho até que ela esconde de propósito, só para me fazer dependente.

Sou capaz de abrir a gaveta em busca de um elefante, revirar tudo e não achar nada. Lá vai a Karen, cinco segundos depois, e tira o enorme bicho da gavetinha com aquela expressão que quer dizer "está aqui, seu idiota".

Ela diz que não encontro nada porque não as guardo, as largo. Pode até ser, mas eu prefiro classificar o ato delargar como uma decisão de deixar algo em um local de fácil acesso. Gostaria de saber o porquê de não poder deixar meus óculos em cima da pia da cozinha.

Remexendo no arquivo-morto da minha memória, percebo agora que esta dependência vem antes mesmo do meu casamento. Algumas passagens foram até traumáticas, destas que te deixam com medo de água, de escuro ou de palhaço. Não sei exatamente a relação disso, mas quem sou eu para discordar do terapeuta. Se ele disse, tá falado!

Antes da Karen, quem fazia o papel de “lembrador” era minha mãe. Certa vez ela deixou uma nota de 50 cruzeiros ou cruzados, não me lembro agora, para que eu fosse comprar carne. Esse dinheiro era uma fortuna na época.Pensei em até fugir de casa e ir para o Caribe.

Coloquei o dinheiro instintivamente no bolso da bermuda e lá fui eu para o açougue, lindo e pimpão. Pedi a carne, conversei com o açougueiro e não hora de pagar...cadê o dinheiro? Procurei, revirei os bolsos, levantei a camisa, olhei até na meia. Nada. Fiquei sem a carne, sem o dinheiro e com um baita medo de levar uma surra.

Quando minha mãe chegou, notou minha cara de desespero e como se tivesse certeza do sumiço, perguntou: “Cadê a carne, Daniel?”. Eu suei frio. Cheguei a pensar em dizer que havia apostado tudo no jogo do bicho e perdi, mas resolvi não mentir. E não foi que a resposta, simples até demais, foi: “Está no seu bolso”!?!

Como podia? Como se tivesse surgido do nada, a tal nota de 50 apareceu! Onde ela havia dito que estaria! Ou estou estava louco ou minha mãe é mágica e eu não sei.

Acho que vou começar a escrever num caderninho onde guardo cada coisa. Assim, sempre que precisar encontrar alguma coisa, consulto a caderneta. Se bem que pensando melhor, seria mais fácil eu perder as anotações bem na hora que eu precisar delas.

fevereiro 27, 2007

Apoio é bom e eu gosto

Todos terão de concordar. O ser humano - e também eu - só passa a dar valor a alguém quando este lhe apóia num momento difícil da vida. E olha que não estou falando de falsas situações, como quando meu time de coração perde o clássico para o arqui-rival ou quando fico triste, porque eu queria comer pipoca doce e o cinema só vende salgada.

Falo de problemas federais. Como o que enfrentei até hoje (ou será ontem?), dia 27 de fevereiro, às 19h14. Até a hora em questão eu me encontrava desempregado e praticamente em desespero. Estava prestes a cometer qualquer desvareio, como ir bancar o malabarista no farol ou vender "coxinha fresquinha" de porta em porta.

A Karen pouco se importou com meu estado de exasperação. Permaneceu ali, firme ao meu lado, apoiando-me feito uma escora num muro que parecia querer desmoronar a qualquer momento.

É nestas horas que vejo como nós homens somos uns "maricas". Minha esposa é um exemplo clássico de como elas estão muito mais preparadas para as dificuldades da vida. Não bastasse toda a guerra de hormônios que elas enfrentam diariamente, a desvalorização pessoal na nossa sociedade machista, o menor ciclo reprodutor entre qualquer raça animal (fosse eu mulher, gostaria de ter ciclos como qualquer outro bicho, ou seja, com intervalos mínimos de seis meses), a dor do parto, da cólica, da amamentação... nossa! Ficaria relacionando dificuldades na vida de uma mulher por pelo menos umas duas ou três semanas.

Como ia dizendo, não bastasse todas as dificuldades naturais da raça, elas ainda têm que nos aturar. Homens e seus "problemas". Quanto mais eu penso, mais fico em dúvida sobre o que leva a Karen a manter a calma em situações tão complicadas da vida, como o meu já passado desemprego.

As mulheres são tão intrigantes, que ainda se fazem de "frágeis" só para alimentar o ego masculino. Deixar aparecer aquele nosso senso de proteção natural. Como se o homem em algum momento da história realmente tivesse isso, afinal, não foram poucos os homens que lançaram mão do expediente "antes eles do que eu".

Dias desses a Karen mesmo apareceu com uma intrigante dor no joelho. Num determinado momento ela não conseguia nem andar de tanta dor. Nada mais restou senão pedir meu auxílio terapeutico. Remédinho na boca, massagem, aplicação de gelo. Como se eu fosse especialista em joelhos. Como se ela, que aguentaria a dor do parto não aguentaria a dor na tal articulação.

Muito bom saber que as mulheres fazem de tudo para nós homens nos sentirmos importantes. Muito bom saber que ela me apóia. Prometo na próxima vez ser mais engraçado e sarcástico. Hoje eu vou simplesmente agradecer.