janeiro 24, 2006

O Cão-Demônio

Existem decisões na vida que são capazes de mudar o futuro do relacionamento de um casal. Pode ser por conta de um projeto profissional, por causa de uma viagem ou pela decisão de se ter um filho. No meu caso o que mudou foi a chegada de um animal. Sim, isto mesmo, um bicho de estimação.

O nome dela é Frida. Ou Frida Maria Neusa Regina dos Santos, como gostamos de chamá-la. Trata-se de um Daushaund cor pinhão, mais conhecido por aqui como aquela raça que parece uma salsicha.

Tudo começou exatamente a quase um ano atrás. Era 25 de janeiro de 2005, feriado em São Paulo. Eu e a Karen andávamos por aí meio que sem saber o que fazer, quando tive a súbita idéia de "olhar" cachorrinhos por aí.

A questão é que eu não sei só "olhar" e acabei, para desespero futuro da Karen, comprando aquela cadelinha que se mostrava tão dócil, calma, com carinha de "me leva" e extremante pacata. E olha que esta raça, enquanto filhote, é simplesmente irresistível. Não tem como não se apaixonar por eles.

Quando digo para desespero futuro, digo porque aquilo que era para se transformar numa diversão, tornou-se um tormento nas nossas vidas. Isso mesmo: a calma Frida na verdade era o cão demônio! Em pouco tempo ela destruiu parte do carpete, comeu uma almofada do sofá, consumiu quilos e mais quilos de ração especial para filhotes de cão, detonou roupas, chinelos, cardaços de tênis e sapatos, chegando ao ápice de literalmente morder R$ 250,00!

Quando escolhi ela no canil deveria ter olhado para os sinais que indicavam que esta cachorra não era comum. Não que ela tenha uma marca de nascença formando o 666, mas ela tem dedos a mais nas patas traseiras, uma coloração diferente da maioria absoluta da raça, olhos de cor igualmente diferente, uma mama sem par (um peitinho a menos!), além da total falta de coordenação para coisas comuns para cães, como saltar ou correr.

Não culpo a Karen de ter dito "ou eu ou a cachorra". Realmente tratava-se de uma crise sem precedentes para o casamento. Sentia-me como Kennedy na crise dos mísseis de Cuba. Mas ressalto que no lugar dela também ficaria uma arara ao descobrir que perdi quase todas as minhas peças íntimas porque a cachorra tem um desejo incontrolável de comer tudo que encontra pela frente.

É por estas e outras que recomendo a você que evite trazer para o casamento um bichinho de estimação. Pelo menos evite aqueles que devoram roupas. Se quer mesmo um animal de estimação, opte por uma tartaruga, uma peixe ou uma chinchila. Agora, se mesmo assim você ouvir de sua esposa algo do tipo como "ou você fica comigo ou com seu porquinho da índia fedorento", meu amigo, como diz um conhecido meu: você está na vala total!


Frida: totalmente desinibida e descontraída