janeiro 23, 2006

A Cozinha da Mulher

Eu diria que ser casado é quase uma aventura épica. Se fosse um filme, seria um daqueles que mistura amor, ódio, aventura, suspense e terror. Tudo com uma boa pitadinha de comédia. É estranho (e porque não até meio desesperador) perceber a quantidade de sentimentos que passam pela minha cabeça neste dia-a-dia de louco.

Engana-se aquele que pensa que a vida de um homem acaba quando este se casa. Na verdade a vida está só começando. Aliás, quando ouvia os mais velhos dizerem isso, achava que era dor de cotovelo por não poderem mais curtir a liberdade que só a solteirice nos propicia.

Ganha-se muito ao optar pela vida de cônjuge, mas na minha opinião nada é comparável à inenarrável experiência de adentrar a chamada "cozinha da mulher".

O termo nada tem a ver com o machismo ou com uma brincadeira sem graça com o sexo oposto. Trata-se de uma teoria séria e com um alto grau de estudo e observação do ser mais enigmático, estranho, dúbio e prolixo que conheço no mundo: a Karen (minha esposa).

Imagine que a mulher é uma casa que você vai visitar. Você é convidado a entrar e logo percebe que a sala está arrumada, com absolutamente tudo no lugar. Você senta, olha para os quadros na parede, admira os bibelôs da mesa de centro, gosta dos livros e cds que encontra nas estantes e acaba por aceitar experimentar isso e aquilo. Quando menos espera, lá está você, de volta e de volta e de volta. Aos poucos aparece a chance de conhecer a sala da jantar, os quartos, o quintal, a garagem e nós aproveitamos sem perder tempo.

Apesar de poder jurar que eu conheci todos os cômodos da tal casa, quando eu e ela "unimos as escovas de dente" é que descobri que teve um lugar no qual esqueci completamente de olhar: a cozinha. E é exatamente neste lugar onde estão os maiores segredos, os maiores problemas e, também, os maiores segredos e detalhes daquela que agora dorme comigo e me chama possessivamente de "meu marido".

Admito que fiquei um tanto assustado com a cozinha que encontrei, mas aos poucos acostumei-me e acabei até gostando. Mas admito que este caminho foi tortuoso e cheio de obstáculos. Meio corrida de Cross Country, aquela que somente quenianos de pernas longuíssimas conseguem vencer.

Neste espaço falarei desta tal corrida e de como você, leitor, pode também vencê-la. Tudo depende da sua vontade, do tamanho das pernas e principalmente do seu senso de observação.

E depende dela também.

Bem... ou quase só dela.

Melhor: exclusivamente dela, afinal, a cozinha é de quem mesmo?